Tanta foi uma dessas figuras especiais.

Participava de tudo; agigantava-se toda vez que tivesse alguma coisa a fazer pelo nosso Porto Ferreira Futebol Clube.

Era também comum ver o Tanta aqui ou em cidades da região, com um amontoado de cartazes, anunciando nossos eventos.

Distribuindo ou colocando-os nos pontos principais, saia divulgando encontros esportivos, bailes, festas e tudo mais.

Seu nome era Francisco Alcantara.

Eu o conheci desde garoto, e lembro-me que morava numa casa em terreno do hospital Dona Balbina, na rua João Salgueiro, em frente onde é hoje o centro telefônico.

Era filho de dona Sebastiana Mendonça e Juvenal Alcantara Camargo, conhecido por "Júlio Lixeiro", isso por motivo da profissão que seu "Júlio" exercia com zelo e muito carinho.

Tanta tinha os irmãos Sebastiana, Benedito e João Moura que era de criação.

Aceitava o apelido com naturalidade como se fosse seu próprio nome e francamente não sei de onde foi a origem.

Era um menino de bem com a vida e com todos, serviçal bom e educado.

Também correu feito craque pelos nossos campos de futebol, foi coroinha de nossa antiga Igreja Matriz, fogueteiro nas quermesses e até prestava serviços de sacristão ao Padre Nestor.

Em tom de brincadeira, contava-se que ele estava em todo lugar, até na lua, quando os primeiros astronautas lá desceram.

Ele sabia das brincadeiras e sorria quando alguém lhe contava, achando muita graça.

Trabalhou muitos anos com o Dudu Carandina, primeiro na mercearia e depois no Bar. O Dudu não exigia dele horário para a entrada ou saída, era tratado mais como amigo. Saia quando queria para prestar ajuda a quem precisasse.

Morou alguns anos com o Sebastião Vergílio de Carvalho, por quem também tinha profundo respeito e admiração.

Tanta, depois de internado no hospital pela segunda vez veio a falecer.

Foi num domingo, dia 19 de Outubro de 1980 às 17:00 horas. O seu sepultamento foi na segunda-feira, dia 20.

Deixou esse mundo aos 46 anos de idade.

Passou pela vida sorrindo, sem levar mágoas.

Viveu humildemente, mas aquela figurinha querida guardava dentro de si um tesouro imenso. Um coração que pulsava mais forte com tudo que fosse de nossa terra, onde nasceu, viveu e amou muito.

"Que saudade, Tanta..."

Eu que te vi menino, correndo... Juntos vimos o tempo passar...

Guardo a esperança de te rever um dia, se eu também merecer o céu onde você está, e tenho certeza de encontrá-lo sorrindo e feliz, rodeado de anjos ouvindo e cantando cantigas de amor...