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Henrique da Mota Fonseca

 

Do casal Henrique da Mota Fonseca e Rosa de Jesus Fonseca, nasceu Henrique da Mota Fonseca Júnior, na cidade do Porto, em Portugal, a 22 de janeiro de 1880.

Henrique da Mota Fonseca Jr.

Acompanhando a família, veio para o Brasil em 1892, com doze anos de idade. Em São Paulo fez o curso de desenho e pintura no Liceu de Artes e Ofícios, recebendo medalha pelos trabalhos apresentados. Foi seu primeiro triunfo e incentivo para que ja­mais abandonasse as artes.

Dotado de verdadeiro pendor artístico, não pode resistir à atração que sobre si exercia o teatro. Com 18 anos, não vacilou em seguir a então apreciada Companhia Teatral do festejado ator Luís Carrara. Segundo testemunha desse artista, Fonseca Júnior era um dos elementos mais ativos do conjunto: ajudava nos ensaios, pintava cenários, escrevia peças e fantasias musicadas, adaptava dramas e comédias consagradas, secretariava a companhia e ainda representava sempre papéis de realce.

Percorreu, assim, as cidades mais importantes do interior paulista, colhendo, segundo jornais da época, merecidos aplausos por suas representações e impecáveis caracterizações. Tendo acompanhado, em 1901, a Companhia Teatral Carrara a Porto Ferreira, aí deliberou fixar residência porque sentiu que poderia contribuir, com sua experiência, para aprimorar os anseios artísticos da hospitaleira população constituída em sua maioria de patrícios seus.

Nessa cidade foi um dos integrantes do Grupo Dramático e Literário "7 de Setembro", fundado em 1902, ao qual prestou valiosa colaboração por sua larga experiência como ator e ensaiador. Em virtude dos conhecimentos da arte teatral (escrevia peças, ensaiava, representava, pintava os cenários e caracterizava os artistas), Fonseca Júnior contribuiu grandemente para que os espetáculos passassem a ser mais freqüentes e mais aceitos pela sociedade local.

Integrou-se de tal maneira à vida da cidade que, em 1905, casa-se com Inácia Pires Zadra, da sociedade ferreirense, filha do prestante cidadão David Zadra e de Pedrina Pires Zadra, primeira professora primária da pequena localidade.

Ao lado de suas atividades como cidadão e artista, Fonseca Júnior passou a exercer o jornalismo, sendo um dos organizadores dos jornais "O Escolar" e o "Arauto", fazendo muitas vezes de redator, revisor, paginador e até de impressor.

Foi um dos mais entusiastas animadores de festas populares e religiosas da cidade às quais emprestava sua capacidade de organizador e seu talento oratório. Abrilhantou os corsos carnavalescos ferreirenses com seus admirados carros alegóricos. Nas tradicionais quermesses promovidas pela Paróquia, por ocasião das festividades em homenagem ao Padroeiro São Sebastião, Fonseca Júnior animava os concorridos leilões com sua habilidade de leiloeiro.

Nas festivas e animadas Cavalhadas pintava e armava os "castelos" e as máscaras usadas nas disputas entre "cristãos" e "mouros". Foi um dos fundadores do Porto Ferreira Futebol Clube, em 1912.

Embora fosse casado e com filhos, resolveu, para aprimorar sua já boa cultura, matricular-se na Escola Normal de Pirassununga, pela qual se diplomou em 1915. Quando ainda aluno do Curso Normal, compôs a letra do hino "11 de Junho", musicado por Francisco Leite Camargo, então professor de Música do estabelecimento; hino depois oficializado pelo Governo do Estado de São Paulo.

Havendo sido nomeado professor de Desenho do curso Complementar da Escola Normal de Pirassununga, para esta cidade mudou-se com a família em abril de 1923.

Logo começou a desenvolver intensa atividade artística como era do seu temperamento. Coordenou os inúmeros elementos que enriqueciam a sociedade pirassununguense, conseguindo levar à cena, no Teatro Politeama, o famoso drama "Deus e a Natureza". Representou um dos principais papéis além de ter sido o ensaiador, o caracterizador e o cenógrafo.

Deixando a cadeira de Desenho, foi nomeado professor de Português do mesmo Curso Complementar, cargo que exerceu com brilho e dedicação.

Fonseca Júnior escreveu para o teatro: Milagres de Nossa Senhora Aparecida, drama; A Família Defeituosa, comédia; Amor Trambolho, comédia; O Tambor do 43, peça patriótica; Despropósito a Propósito, comédia; Amor e Crime, drama; O Sonho do Pintor, opereta com música de Artur Del Nero; e o drama muito aplaudido na época - A Vítima da Honra.

Poeta inspirado, além de poemas escreveu várias letras para composições de Erotides de Campos, do maestro Francisco Camargo, do maestro Aricó Júnior, de Arnaldo Arantes, de Frederico Puls e de Artur Del Nero. Compôs a letra do Hino da então Escola Normal Livre de Santa Rita do Passa Quatro, com música do maestro Francisco Camargo, em 1930. Em 1946, num festival realizado no Cine Odeon de Pirassununga, foi encenada sua opereta O Sonho do Pintor.

Fonseca Júnior viveu para o magistério e para a arte. Professor, jornalista, orador, poeta, pintor, autor e ator teatral, foi um batalhador incansável. Jamais se deixou abater pelas adversidades em sua existência de homem bom e idealista, exemplo vivo para a juventude que ele tanto amou.

Faleceu no dia 24 de janeiro de 1932 e, cumprindo-se seu desejo, foi sepultado em nossa cidade.

Biografia feita pelo Prof. Osvaldo Fonseca em 30 de Setembro de 1973.

       Arquivo do Museu Histórico e Pedagógico Prof. Flávio da Silva Oliveira.
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