Bem poucos tinham consciência do mal provocado pelo uso das águas retiradas das cisternas domiciliares, quase sempre contaminadas por infiltração bacteriana das fossas negras, que também existiam nos quintais.
O médico Carlindo Valeriani alertava a população na tentativa de diminuir a danosa incidência dos males causados pela água poluída.
Alguns moradores mais esclarecidos não estavam com o desejo de dotar Porto Ferreira de água encanada, a exemplo de Descalvado e Pirassununga, cidades vizinhas já com esse melhoramento.
Entusiasmado, não pelo pioneirismo, mas pelo ideal de servir, mesmo que isso não lhe trouxesse qualquer vantagem financeira, o italiano Paschoal Salzano se propôs a desenvolver esse trabalho, já sabendo onde encontrar o manancial que iria servir nossa população.
Após vários entendimentos, os vereadores se reuniram e a primeira providência foi tomada, sem ônus algum para os cofres do município.
No dia 25 de setembro de 1914, o Cel. Bento José de Carvalho, intendente municipal, mas no ato como simples cidadão, doou uma área de terra provida de nascentes, juntamente com aquela indicada pelo Paschoal.
Por escritura pública, a Câmara Municipal, presidida por João Mutinelli, recebeu a doação. Eram próximas ao matadouro municipal, hoje chácara de Aparecido Libertucci.
Os serviços, de imediato, foram iniciados, depois que Paschoal, com dinheiro seu, ou se responsabilizando pela dívida, comprou bombas, canos e conexções, tudo importado.
Construiu casa de máquinas e um reservatório próximo às nascentes, onde a água era colhida, límpida e saudável. Um reservatório foi construído onde é hoje a Estação de Tratamento de água.
Bombeada até ali, a água saía por um cano de quatro polegadas que descia pelos terrenos da rua Dona Balbina, chegando próximo à Igreja Matriz, daí descendo com duas polegadas até a avenida 15 de Novembro, atual 24 de Outubro.
Funcionando por gravidade estava pronta a primeira rede que iria servir a população. Seu funcionamento, iria também terminar com o pessimismo de algumas pessoas.
Paschoal Salzano colocou torneiras nos terminais da rede, recomendando ficarem abertas para dar vasão ao ar que seria comprimido pelo peso da água.
Vários homens postaram-se ao lado dos terminais, encarregados do foguetório, que tornava o ato mais emocionante. Paschoal abriu a válvula e não demorou para que a água jorrasse, e espocar de rojões já se ouvia da avenida 15 de Novembro, esquina com Mathias Cardoso, onde ficava uma das torneiras.
Aconteceu no dia 6 de janeiro de 1915. Assinala não só a conquista de tão grande benefício; marca também mais uma conquista de um homem cheio de coragem que aceitava desafios e vencia sempre com trabalho e persistência.
Quando os mananciais já não suportavam o consumo, o Prefeito Osvaldo da Cunha Leme construiu moderna estação de tratamento, captando água do rio Moji Guaçu.
A inauguração aconteceu no dia 28 de dezembro de 1958.
Só em 1989, quando nossa população girava em torno de cinqüenta e cinco mil habitantes é que houve necessidade de ampliação.
O Prefeito Waldir Bosso iniciou reforma da captação e do prédio da estação de tratamento, colocando novos filtros decantadores e floculadores; remodelou o laboratório bacteriológico e trocou por canos de maior polegada toda a rede condutora do Rio Moji Guaçu e as redesmestões de distribuição.
O Prefeito Carlos Teixeira terminou a Obra da Captação em 1995, perfurou poços semi-artezianos em vários bairros e fez uma mudança geral no sistema de distribuição d'água, praticamente zerando a falta deste precioso líquido em toda cidade de Porto Ferreira.
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