Com a chegada dos trens da Companhia Paulista, em 1880, e o movimento da navegação fluvial em 1885, nossa cidade começou a sentir forte influência da colônia portuguesa. Os lusos estavam presentes em todas as atividades do pequeno povoado que havia recebido o nome do balseiro João Inácio Ferreira.
Foram os portugueses que formaram nossa primeira banda musical, logo apelidada de "Banda dos Portugueses". Regida pelo maestro Antonio dos Santos, com instrumentos dos próprios músicos, a banda levava toda a população em suas apresentações, que se deleitava com peças musicais da querida terrinha distante.
Em 1901, por indicação do vereador dr. Carlindo Valeriani, nossa Câmara autorizou a compra de instrumentos para a formação do Clube Musical de Porto Ferreira, indicando Adão Grey para presidente.
Depois de dois anos, por razões políticas, a banda foi dividida em duas: Banda dos Jagunços e Banda dos Araras, apelidos aproveitados da Guerra dos Canudos, servindo para indicar favoráveis e contrários ao marechal Floriano Peixoto, que lutou para dominar o levante armado.
Em 1914 tivemos novamente duas bandas: a do Cine Teatro São Lourenço (Condor), regida por João Pereira Guedes, e a banda do Cine Teatro São Sebastião, também conhecido por Cinema União, regida inicialmente por Olimpio Gomes Filho, o Olimpinho, depois por Paschoal Salzano.
Os dois cinemas representavam a divisão política da cidade, separando o convívio de seus habitantes, distinguindo os moradores das "ruas de cima" e das "ruas de baixo", situação que perdurou por mais de dez anos.
Surgiu, mais tarde, a Banda Municipal, regida por Frederico Puls, e algumas bandas das fazendas, que aproveitavam a arte musical de seus colonos, completando-as com músicos contratados. As fazendas Capão Bonito e Santa Mariana tinham suas bandas.
No dia 12 de outubro de 1929, uma nova banda fazia sua estréia na Praça da Matriz. Era a Corporação Musical Santa Cecília, regida por Bernardino (Dino) Iatauro. Dez anos depois, em 1939, já praticamente paralisada, a Santa Cecília passou a ser dirigida por Paschoal Salzano, que procurou incentivar os músicos para a continuação da corporação. Os ensaios eram realizados no prédio de número 40 da Praça Cornélio Procópio.
No dia 4 de dezembro de 1944 foi realizada uma assembléia geral, presidida por Ulisses Borelli Thomaz e secretariada por João Teixeira, onde foram aprovados os estatutos e eleita a primeira diretoria: Antonio (Totó) Ramos (presidente); dr. Plinio de Góes Valeriani (vice-presidente); João Teixeira (1º secretário); José Naife (2º secretário); Nadir Mariano (1º tesoureiro); Ulisses Borelli Thomaz (2º tesoureiro).
Para maestro foi designado Paschoal Salzano, e contra mestre, Ulisses Borelli Thomaz. Em pouco tempo, com festas e quermesses, os diretores e músicos da Santa Cecília conseguiram construir sede própria, na rua Cel. João Procópio, 310, que agora é cedida para a Banda "Prof. Lauro Ap. Borelli" e atividades culturais.
O Tuta Antonini, Alfredinho, Chiquinho Geraldelli, Gilberto Aparecido Pereira e Noel Pereira Rocha, que faziam parte da Santa Cecília, continuam na banda atual.
Quantos músicos bons, bons homens e bons amigos, passaram por ali. Muitos deles já nos deixaram. Ao entrar na sede, parece que sentimos a presença de todos eles sorrindo, cheios de felicidade por conservarmos aquela casa de música que custou tantos sacrifícios.
Que saudade de nossa Santa Cecília. Querida banda que animou festas e quermesses, ensolaradas tardes esportivas e tantas vezes saía de sua sede e, percorrendo nossas ruas, arrastava nossa população aos circos e touradas.
Santa Cecília de animadas retretas e de alvoradas, que nos obrigavam a abrir as janelas para sentir mais de perto a valsa ou o dobrado que tanto emocionavam.
Lembro-me bem, que ainda criança, acordava ao som da banda, ficava espiando pela fresta da janela e depois voltava a dormir e sonhar sonhos mais bonitos ainda...
A Corporação M. Santa Cecília paralisou suas atividades por volta de 1980.
Em 1983, Dorival Braga incentivou a formação da Banda Municipal Prof. Lauro Ap. Borelli hoje sociedade constituida com nome de Corporação Musical Prof. Lauro Ap. Borelli, que tem como maestro Ezequias Franco; seu Presidente é Nelsir Antonio Lepri; Vice-Presidente, Edison Luis Fiorim; 1º Secretário, Rubens Sebastião Inacio; 2º Secretário, Gilberto Aparecido Pereira; 1º Tesoureiro, Enio Sergio Rossini; 2º Tesoureiro, Francisco Carlos Geraldeli; Conselho Fiscal: Presidente Wladimir do Carmo; Secretário, José Marques Gonzaga; Membros: Francisco Donizete Pereira, Romildo Pedro Martins e Luis Carlos Marcondes.
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