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Máximo Fenili era natural de Gragnano, Província de Lucca, Itália; nasceu a 1º de outubro de 1886, filho de Alexandre Fenili e D. Maria Gentili Fenili.
Máximo chegou a Porto Ferreira com menos de 5 anos de idade. Como instrução, apenas teve o curso primário, completado pela escola da vida, em que seus longos anos de serviço ao lado de Manoel Lourenço Júnior (tipógrafo), tiveram grande influência em sua formação técnica e jornalística.
Talvez em conseqüência desta convivência é que Máximo fundou "O Ferreirense" em 1925, cuja continuidade, cortada por duas vezes, foi mantida por um idealismo sadio e quase místico.
O semanário, então dominical, era distribuído religiosamente aos assinantes, à custa de muitos aborrecimentos e parquíssimos lucros, se houvessem. Porto Ferreira era uma cidade pequena e pobre, onde todos se conheciam. Portanto, dependendo de todos, inclusive das amizades, Máximo também precisou ser um "artista", para não ferir melindres, com as publicações de seu jornal, o que nem sempre conseguia.
Muitas reclamações teve que ouvir, por acontecimentos que não pode evitar ou dos quais não foi a mola propulsora. O único culpado talvez fosse o ideal que o forçava a manter "O Ferreirense". E ouvia tudo calmamente, procurando dar débeis explicações, que não comprometessem outros. Se não fosse compreendido, calava-se, cabisbaixo, deixando a impressão de fraco e indeciso.
Mas, não. Máximo conhecia as fraquezas humanas e permitia que fossem extravasadas, porque seu mundo era bem maior e muito mais puro. Sair dele seria desintegrar e compuscar toda uma filosofia de vida, que o fez viver estimado e morrer sem deixar inimigos.
As vezes, encontrava-o escrevendo, ou fato peculiar juntando as letras tipográficas, com as quais transmitia diretamente seu pensamento para a impressão; outras compondo artigos e anúncios que seriam publicados, movendo as mãos rapidamente pelas caixas alta e baixa, à procura dos tipos que iriam para a forma e, mais comumente, entretido em consertar objetos e máquinas, ou construindo-as, para uso na oficina.
No meio de uma desordem que ele entendia perfeitamente, em cômodos acanhados que abrigavam a redação e a tipografia de "O Ferreirense", ao lado de caixotes contendo velhos clichês com fotografias corroídas pelo tempo, dependuradas aqui e ali, Maximo estava sempre ocupado. Dado a pouca conversa, recebia a todos com um sorriso nos lábios e respondia às saudações recebidas com voz quase inaudível. Quem não o conhecesse diria que era um homem taciturno e introvertido, mas enganava-se. Pelo contrário, Maximo era um homem jovial, bom observador e transbordante de idealismo, qualidades que vinham à tona apenas quando provocadas por pessoas que ele julgasse amigas.
Além de jornalista brilhante, Maximo Fenili também dava preferência, nas horas vagas, para o cinema. Filmou várias cenas da cidade e, entre elas, a famosa enchente do Moji Guaçu, em 1929. Já no primeiro cine ferreirense (São Lourenço, também conhecido por Condor), trabalhou como operador. Mais tarde tornou-se proprietário e, mesmo com prejuízo, continuou a funcioná-lo até vê-lo vencer. Pode-se mesmo dizer que foi um estímulo para a cinematografia local.
Durante muitos anos exerceu o cargo de Condutor Postal do Departamento dos Correios e Telégrafos, no qual se aposentou.
Máximo Fenili possuía três irmãos: Egisto, Carlos e Agostinho.
Da união com Ana Fenili, em segundas núpcias, nasceram três filhos: Dionísio, Roberto e Euzébio (falecido).
Brasileiro de coração, naturalizou-se em 5/12/1940.
Uma pertinaz moléstia fez com que Maximo Fenili fosse procurar recursos médicos na Capital. Lá, não podendo resistir mais, faleceu no dia 03/08/1951, aos 63 anos de idade, deixando entristecido o povo ferreirense, pois se perdera "um exemplar chefe de família, estudioso em questões técnicas e jornalísticas, profundo conhecedor da profissão, sempre soube fazer uso de seu talento em benefício de nosso município e de nossa coletividade".
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