Bataclim, que Deus o tenha, foi o mais incrível gozador que conhecemos e valente ao extremo, quando era preciso.
Chefe de família ganhava a vida como pintor de paredes e às vésperas de finados fazia bico pintando túmulos, o que lhe rendia um bom dinheiro.
Certa vez foi procurado por uma senhora, com quem combinou a pintura de um túmulo, acertando que o pagamento seria ao término do serviço.
- Olha, seu Bataclim: dê uma caprichada no anjinho que tem lá no túmulo que prá mim é a coisa mais bonita!
Bataclim fez a pintura e deu aquele capricho no anjo, que era visto logo que se entrava no cemitério.
No outro dia foi receber, não conseguiu, mas teve a promessa do pagamento ser efetuado depois de três dias.
Assim, de promessa em promessa foi acontecendo até que chegou o dia de Finados.
A dona do túmulo quase desmaiou quando entrou no cemitério para visitar seus mortos.
O Bataclim tinha repintado o anjo todo de preto, com os olhos brancos mais parecendo um capeta.
Foi sua vingança por não ter recebido.
O farmacêutico Querubim Bueno, estando a fim de comprar um automóvel, soube que Benedito Mariano, conhecido por Dito Quejeiro, estava vendendo seu veículo.
Querubim procurou o Dito, viu o carro, gostou e foi logo perguntando o preço.
- Quero cem cruzeiros, respondeu com firmeza o Dito, homem já acostumado a fazer negócio.
- A vista? perguntou o Querubim.
- Lágrima em cima do cadáver, foi a resposta.
- Então vamos fazer o seguinte: te dou cinqüenta pratas e um cheque de cinqüenta, que há muito tempo tenho aqui no bolso.
- É cheque de gente boa? perguntou, sem hesitar, o Dito.
- O cheque é seu mesmo, falou Querubim.
- Essa não. Esse cheque eu dei num rolo e cheque de rolo não aceito, retrucou o Dito, já virando as costas para ir embora.
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