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CHEIRO DE SAUDADE

 

Marco Antonio Teixeira

Passei algumas semanas atrás pela Refinaria da Petrobrás em Paulínia, quando senti um forte odor, acompanhado do visual da tocha incessante que emanava de sua grande chaminé. Aquele cheiro e aquele fogo me fizeram retroceder no tempo a uma visão da Praça Cornélio Procópio, onde funcionava a "Fabriquinha do Syrio" (assim conhecida), que oferecia igual espetáculo.

Recordo que havia naquela cerâmica poucos empregados, entre eles o Manoel Anchão e o Toninho Malaman. O mais interessante é que podíamos adentrar o estabelecimento sem qualquer molestação. Neste mesmo dia, li nos jornais que um avião tinha caído na Romênia; não sei por que "cargas d'água" me fizeram lembrar do avião monomotor (com um casal dentro), que caiu em Porto Ferreira, no terreno de D. Henriqueta, por volta de 1950.

Este terreno se localiza, hoje, próximo da Igrejinha de Santa Cruz. O passeio dominical das famílias era observar os destroços do aparelho. Cheiro de curral me lembra o caminho para o Posto Tarzan, onde tínhamos necessariamente que passar pelas terras (onde hoje se localiza o Jardim Salgueiro) e pelas vacas sítio do João Salgueiro. Diziam que o dono ameaçava quem invadisse suas terras com tiro de sal, mas era só lenda. Outra lenda que fantasiava os meninos da época era que, próximo à antiga cadeia, onde se localiza hoje a Biblioteca Municipal, havia um senhor que virava lobisomem às sextas-feiras; nesses dias, ninguém passava pelo local.

Este tipo de estória e outras do gênero, quem contava aos meninos era o Marcier. Num domingo qualquer, assisti na televisão a um jogo de um campeonato varzeano em São Paulo; imediatamente, me veio difusamente na cabeça o Time dos Onze Heróis com seu uniforme branco, preto e vermelho. Eu não me lembro, mas dizem que fui mascote deste time ao qual pertencia Cy Teixeira, meu grande ídolo. Vagamente me recordo das disputas do varzeano, dos times da Fiação, da Nestlé, de um crioulo espigado deste último time, chamado Marcílio, de uma briga entre o Fernando Malaman e o Carlito (alfaiate).

A cidade ficou alvoroçada no dia em que o "Onze Heróis" foi jogar no Pacaembu. Momentos marcantes no futebol ferreirense aconteciam quando os palmeirenses Oberd Catani, Lima, o "Menino de Ouro" e Moacyr Nanica (nascido em Porto Ferreira) vinham a Porto Ferreira jogar pelo PFFC. Agora se aproxima o Centenário da Cidade e eu fui convidado a escrever estas notas, abordando fatos históricos da terrinha. Eu não sou historiador (nem tenho vocação para tal), e tudo que escrevo é produto de lembranças e experiências pessoais. Lembranças, por exemplo, de ver as pessoas acertando o relógio pelo apito do trem próximo da estação ou da forte sirene da Fiação Amélia, de manhã e depois do almoço.

Lembranças do dia do aniversário do Rubens Parada, quando todo ano grupo de músicos amigos percorriam a cidade, entoando músicas de sua preferência e terminavam, à noite, na casa do aniversariante. Dizem que a música "Fronteiriça" (acho que é uma guarânia) era a preferida do Maestro e sua execução era obrigatória. Do maestro é a música do hino à cidade. Uma festa de aniversário da cidade, na primeira gestão do Joaquim Coelho, foi um espetáculo inesquecível. Quem organizou tal festa, creio ter sido o Cirinho e tivemos atração inesquecíveis, como lutas de box na praça (com a presença do campeão Luizão), um "stand" do Instituto Brasileiro do Café, sob a coordenação do Amélio Barbiratto, travessias do Mogi, corrida de karts, competições, gincanas, "show" hípico etc. Aproveito a oportunidade para dar os parabéns a todos aqueles que ajudaram a construir a história de Porto Ferreira nestes cem anos de vida.
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